Condicionamento: Por que Você Deveria Prestar Mais Atenção nesta Função dos seus Produtos Capilares?
Quando falamos de “condicionamento” é quase imediata a associação com os condicionadores, afinal estes são os produtos mais conhecidos nesta função.
Mas, o que de fato é “condicionamento”?
Entende-se que o verbo “condicionar” está ligado ao processo de aperfeiçoar um material.
Quando falamos do ponto de vista de cosméticos com propriedades condicionantes, falamos do processo através do qual devolvemos à pele ou aos cabelos a sua aparência original.
Esse estado “natural” dos cabelos é um conjunto de características que consideramos presentes nos cabelos saudáveis: maciez, força e elasticidade.
Mas como acontece o processo de condicionamento? Através de que mecanismos? Como identificar agentes condicionantes e em que tipo de produtos eles se encontram?
Vem com a gente que o texto de hoje vai falar bastante a respeito de todas estas dúvidas.
Agentes Condicionantes: O que são estes Ingredientes?
Existem diversas classes de agentes condicionantes, entre elas as mais conhecidas são os surfactantes catiônicos, os silicones, os formadores de filme e os agentes proteicos.
Nestes grupos, um, em especial, merece destaque: os surfactantes catiônicos.
Estas substâncias estão presentes em praticamente todos os produtos pós-shampoo, pois oferecem propriedades de condicionamento que muitas pessoas consideram indispensáveis.
Vamos falar um pouco dessa classe enorme de Agentes condicionantes e descobrir mais sobre as vantagens que oferecem para nossos cabelos?
Surfactantes Catiônicos: Energias Positivas nem sempre são Good Vibes
A primeira destas características é a neutralização de cargas negativas.
Quando usamos shampoos, depois de enxaguarmos os cabelos, os fios ficam com carga negativa.
O resultado disso não é muito bacana: frizz, embaraço e bastante aspereza.
Para dar conta de contornar esse resultado indesejável, após o uso do shampoo, entram em ação os surfactantes catiônicos e outros agentes condicionantes, presentes em diversos produtos pós shampoo, em especial nos condicionadores.
Estes produtos têm como principal função exatamente o equilíbrio da “energia” dos fios após a perturbação causada pela lavagem.
Se você lembra das aulas de química, talvez o nome “surfactante catiônico” já tenha dado uma pista: os íons cátions são aqueles com carga positiva e, se depois do uso do shampoo os fios estão com carga super negativa, esses surfactantes catiônicos podem ajudar a neutralizar essa carga.
Isso faz com que a eletrostática dos cabelos seja “reequilibrada” e os fios apresentem características que a maioria das pessoas ama: maciez, brilho e facilidade de desembaraçamento.
Como Funcionam os Agentes Condicionantes – Como Ficam Presos aos Fios Mesmo Depois do Enxágue?
Certo… já discutimos quais são os resultados do uso de surfactantes catiônicos e outros agentes condicionantes, mas de que forma estes ingredientes interagem com nossos cabelos para chegarem nestes resultados?
Para entender a ação da maioria dos ingredientes de condicionamento, precisamos entender o conceito de adsorção (assim mesmo, com “D”).
Adsorção é processo através do qual uma substância se deposita do lado externo do cabelo. Esta substância não fica aderida ao fio por conta de uma cola, mas sim por uma complementação de cargas – o que chamamos de substantividade.
Os ingredientes substantivos são aqueles cujas cargas são complementares as cargas do cabelo (lembra que o cabelo tem carga negativa e o agente condicionante tem carga positiva).
É por causa desse encontro entre cargas que, mesmo depois de enxaguarmos os cabelos, os agentes condicionantes continuam “grudadinhos” aos fios.
Agentes condicionantes com boa substantividade podem servir como formadores de filme e oferecer algo mais – além das características que citamos anteriormente.
Bons formadores de filme podem agir como “turbinadores” do brilho capilar. Isso porque – ao envolverem os fios – forçam as escamas que formam a cutícula umas contra as outras, apertando-as e deixando a superfície dos cabelos mais reflexiva e… Bingo! Cabelo mais brilhante.
A adsorção não é sempre igual
Quando falamos em adsorção de agentes condicionantes, podemos fazer algumas generalizações, mas sempre salientando que haverão diferenças grandes no resultado.
Estas diferenças dependem do ingrediente, da formulação e do estado dos fios. Temos um texto com quatro dicas sobre a leitura de rótulos de cosméticos, clique aqui se você quiser saber mais sobre alguns cuidados na hora de se aventurar na leitura das letras miúdas das composições.
Existem diversos agentes condicionantes no mercado e alguns dos mais modernos podem resistir ao enxágue, ao atrito e até mesmo algumas lavagens – otimizando o seu efeito ao longo das aplicações.
A variação de adsorção também pode ser observada em virtude dos danos capilares. Quanto mais danificado, maior a tendência do agente condicionante ficar adsorvido ao fio, já que as partes mais danificadas dos cabelos são também as com maior carga negativa.
A acidez de uma fórmula também pode influenciar no quantitativo de adsorção. Em ambiente mais acídico a adsorção é maior – ou seja, geralmente quanto menor o pH mais agentes condicionantes se “grudam” nos fios.
Agente Condicionantes: Mais do que Simplesmente um Cabelo Bonitinho
Os condicionadores deixam os nossos cabelos bonitos e, hoje, entendemos alguns dos motivos pelos quais isso acontece:
- a adsorção dos ingredientes ao fio que os deixa macios e desembaraçados;
- a neutralização da carga negativa que o shampoo deixa para trás que diminui o frizz
- o aumento do brilho influenciado pela melhora de reflexão da luz pelo filme formado em torno dos fios
Mas, os agentes condicionantes não oferecem apenas estas vantagens sensoriais e estéticas.
Quando aplicamos um condicionador ou outros produtos com agentes condicionantes, estamos diminuindo muito a chance de quebra por tração.
Na presença de agentes condicionantes, os nós oferecem menos resistência, e ao pentear os cabelos, quebramos menos fios.
O filme que se forma em torno de cada fio de cabelo protege a haste do atrito contra os outros fios, também diminuindo os danos à cutícula.
Você percebeu como um ingrediente que, aparentemente, só age do lado de fora dos fios para embelezá-los pode se tornar um aliado importante na prevenção dos danos?
E aí? Vamos dar mais valor para os agentes condicionantes?
Sabe de onde vieram estas informações?
Bhushan, Bharat (2010). Biophysics of Human Hair: Structural, Nanomechanical, and Nanotribological Studies. Springer Science & Business Media.
Draelos, Z. D. (2004). Hair Care: An Illustrated Dermatologic Handbook. CRC Press.
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