Raio X do Fio: como é formada a estrutura capilar
Vamos falar um pouquinho das partes do cabelo? Você sabe do que é feito o fio de cabelo ?
Antes de mais nada, é preciso frisar que apesar de chamarmos tanto a pele quanto o cabelo de “tecidos”, eles se comportam de maneiras muito distintas.
A haste do cabelo (assim como as nossas unhas) é um material “morto”, ou seja, ela não se regenera, diferente da pele, que é capaz de se restaurar quando nos machucamos.
Vamos falar um pouquinho mais sobre esse assunto no final deste post.
Mas, antes, quais são as estruturas que formam o cabelo? Quando falamos desse assunto, podemos fazer essa divisão de duas formas.
A primeira é em raiz, comprimento e pontas e a segunda fala do corte transversal dos fios e divide o cabelo em cutícula, córtex e medula.
Vamos falar desses dois tipos de divisão?
Raiz, comprimento e pontas
A parte do cabelo “ancorada” dentro do couro cabeludo é chamada raiz. Ela fica dentro do folículo piloso e é a parte “viva” do cabelo.
É da raiz que “nasce” a haste capilar que é “expulsa” do folículo para ficar pendurada na nossa cabeça. A “haste” é toda a parte visível do fio, o seu comprimento.
As pontas são, tecnicamente, parte da haste. Entretanto, costuma-se falar delas de forma isolada, pois elas são a parte mais antiga da haste. Lembre-se: quanto mais distante da raiz, mais antigo o cabelo é (e consequentemente mais danificado).
É importante saber essa separação para entender que os higienizadores, como o shampoo e o co wash, têm impacto sobre a raiz e produtos de tratamento e finalização agem sobre as hastes e as pontas.
Cutícula, córtex e medula
Cutícula Cutículas acima e córtex exposto abaixo Medula
Outra forma de dividir o cabelo em partes é a partir de um corte transversal, ou seja, como se a gente pegasse o cabelo e cortasse uma fatia para ver as camadas que formam o fio.
De fora para dentro, a primeira é a cutícula
A camada mais externa é chamada de “cutícula”. Ela é formada por pedacinhos pequenos de material proteico que se sobrepõe em camadas que ficam juntas graças a uma espécie de “cola” rica em lipídeos.
Cabelos cacheados e crespos tendem a ter uma cutícula mais fina (com menos camadas) e esse pode ser um ponto de fragilidade na hora de cuidar deste tipo de cabelo.
Outra característica da cutícula é que suas escamas podem reagir ao pH de produtos e essa característica é explorada durante processos como o de coloração (que “abre” as escamas da cutícula para deposição do pigmento) e acidificação (que “fecha” as escamas da cutícula para diminuir a porosidade).
A cutícula é como uma armadura, é ela quem protege o cabelo, mas é ela também quem mais sofre os danos do ambiente.
A parte do meio: córtex
Logo abaixo da camada de escamas da cutícula está o córtex.
É aqui que está a “massa” do fio. Se a cutícula é conhecida pela sua força, o córtex é famoso pelo seu volume: sendo responsável por até 90% do material dos cabelos.
O córtex é rico em proteínas, mas também têm lipídeos (gorduras), que ajudam a lubrificar a estrutura global do fio e conferir movimento e alguma elasticidade e flexibilidade.
É no córtex que se localizam as partículas da substância que dá cor ao nosso cabelo (a melanina).
Nem todos os ingredientes dos tratamentos capilares conseguem chegar nessa camada, mas é possível melhorar a qualidade do córtex com proteínas hidrolisadas (como a proteína hidrolisada de arroz) e fórmulas com determinados óleos vegetais como a manteiga de karité e o óleo de coco.
Medula: Serve para que?
A parte mais interna do fio, o seu “recheio”, por assim dizer é chamado de medula.
Ao contrário do que muitas pessoas pensam, nem todos os cabelos possuem medula.
Quando presente, ela pode ser mais “grossa” ou mais “fina” dependendo da espessura do fio.
Essa parte central dos cabelos é formada por células de proteína intercaladas com “bolsões” de ar, dando uma aparência semi-oca à medula.
A função da estrutura medular não é completamente clara, mas uma das teorias mais aceitas é que essa parte do cabelo ajuda na função de regulação da temperatura do fio.
Se o tecido está morto: vale a pena tratar o cabelo?
Muitas pessoas, quando descobrem que o cabelo não é um tecido vivo, se perguntam se os tratamentos capilares funcionam, como prometem.
A medida que os fios vão ficando mais longos, eles são expostos a mais danos, tanto do ambiente quanto de eventuais procedimentos químicos e não conseguem se reparar sozinhos.
É aí que tratamentos como máscaras, acidificantes e condicionadores podem trazer uma aparência renovada para os fios.
Não se engane! Não é porque os cabelos são compostos de tecido morto que eles não podem ser tratados.
Na verdade, justamente pelo cabelo ser incapaz de se regenerar é que os tratamentos tópicos são tão importantes.
Você sabe de onde vieram estas informações?
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HALAL, John. Tricologia e a química cosmética capilar. 5. ed. São Paulo: Cengage,
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Imagens
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