Proteína do Arroz – Tratamento Milenar para Força e Elasticidade

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Proteína do Arroz – Tratamento Milenar para Força e Elasticidade

Quem já andou por grupos e fóruns de cuidados com os cabelos, certamente se deparou com relatos a respeito dos tratamentos com “água de arroz”.

Essa não é uma receitinha caseira moderna, muito pelo contrário.

Existem evidências de que mulheres japonesas, há praticamente mil anos atrás, ao invés de descartarem a água usada para lavar o arroz, aplicavam-na nos cabelos.

O estilo suberakashi (algo como um rabo de cavalo próximo à nuca com cabelos muito longos, próximos ao chão) fazia parte do estilo das mulheres da corte durante o período Heian (que terminou em 1185 e dizem ser um dos mais ricos em produção cultural no Japão).

Mas, essa tradição milenar… tem espaço no século XXI?

Proteínas em Tratamentos Capilares, por quê?

As proteínas não são estranhas para quem é adepta de tratamentos em etapas como o Cronograma Capilar.

A versão mais conhecida desta rotina de cuidados é composta por três momentos que se alternam.

A etapa de Hidratação, onde se faz a reposição de umidade dos fios; a etapa de Nutrição, em que se repõe os lipídeos e gorduras perdidos pelos fios e; quando falamos de Reconstrução, as estrelas são as proteínas.

As alternativas veganas mais comuns às proteínas em cosméticos são aquelas derivadas de grãos.

Estamos falando de cereais como a soja, o milho, o trigo, a alfarroba e… o arroz!

Como são Classificadas as Proteínas nos tratamentos Capilares?

Proteínas – sejam elas de origem animal ou vegetal – são consideradas dentro do grande guarda-chuva dos agentes condicionantes.

São ingredientes que oferecem “remendos” aos fios, em especial ao se depositarem ao longo das hastes capilares, ficando “grudados” mesmo após o enxágue em um processo que conhecemos como adsorção.

A adsorção (com a letra “d” mesmo) ocorre porque os fios têm carga elétrica negativa e os agentes condicionantes têm cargas substantivas, ou seja, positivas em uma medida capaz de neutralizar a carga dos fios.

É semelhante ao que acontece com os polos opostos de dois ímãs, que se atraem e ficam “grudados” um no outro mesmo sem a presença de uma substância que os una.

Quanto mais danificados os fios, mais negativa essa carga fica nas regiões afetadas. Dessa forma, há mais deposição de agentes condicionantes (e as proteínas também entram aqui) quando mais dano houver na haste capilar.

Reparando Danos, pelo menos Temporariamente: a Interação Entre Proteínas Hidrolisadas e Cabelos

O cabelo é um tecido incapaz de se regenerar, e por isso, precisamos de produtos cosméticos que nos auxiliem nesse processo de reposição do que foi perdido.

Cabelos naturais são danificados por atividades do dia-a-dia, molhar, secar, pentear, por exemplo.

Já os cabelos que passam por transformações (como colorações, descolorações, alisamentos, relaxamentos e permanentes) sofrem danos ainda mais extensos, tanto em nível cuticular (a parte mais externa dos fios) quanto lipídico (a parte gordurosa do interior do cabelo).

Produtos com determinados tipos de proteína (já falaremos disso abaixo) são capazes de reparar temporariamente parte destes danos, tapando “buracos” na cutícula e fortalecendo as hastes por eventualmente penetrarem no interior dos fios (quando as proteínas são suficientemente pequenas).

Proteína Hidrolisada de Arroz… Por que Hidrolisam-se as Proteína?

Proteínas são “aglomerados” de aminoácidos, que se arranjam em cadeias, como se um grupo de aminoácidos desse as mãos em uma fila.

Estas cadeias de aminoácidos podem ser bastante compridas e mesmo que tenham carga elétrica substantiva aos cabelos, o seu tamanho dificulta a deposição sobre as hastes e impossibilita a absorção pelos fios.

O processo de hidrólise “quebra” estas proteínas em pedaços menores, que conseguem tapar com maior facilidade as falhas da cutícula. Alguns pedacinhos podem ficar tão pequenos a ponto de conseguirem “entrar” no fio de cabelo, ligando-se à estruturas internas.

É por esse motivo que a tecnologia pode ajudar a melhorar os tratamentos capilares tradicionais.

A água de arroz usada para tratar dos longuíssimos cabelos suberakashi continha proteínas, mas os benefícios do tratamento com essa água provavelmente não vinham delas, já que as longas cadeias dificilmente sobreviviam a um enxágue.

A possibilidade de isolar a proteína do restante das substâncias presentes no grão, possibilita uma maior concentração do ativo no cosmético.

A hidrólise garante ainda mais eficácia, pois o tamanho reduzido auxilia tanto na penetração do ativo quanto na adsorção pelos fios.

Com vocês… A Proteína de Arroz: Milenar e Atual

Da cultura japonesa milenar, o arroz continua sendo fonte de ingredientes para os cuidados capilares ate hoje.

No século XXI, a proteína de arroz, agora hidrolisada, aparece nas composições como Hydrolyzed Rice Protein ou Hydrolyzed Oryza Sativa Protein.

Este ingrediente age tanto na aparência dos fios quanto como forma de “remendar” danos à estrutura dos cabelos.

Estética e sensorialmente, a proteína de arroz deixa os fios mais macios e brilhantes.

Em termos de estrutura dos fios, observa-se um aumento de resiliência (capacidade de voltar “ao normal” depois de deformado) e melhora da elasticidade. Age especialmente sobre as falhas que se abrem nas cutículas, podendo reparar pontas duplas, atraindo as partes que se separaram por substantividade de cargas.

A proteína de arroz, mais recentemente, é usada (em conjunto com ácido fítico) como um excelente filtro solar capilar, preservando a cor e as proteínas dos raios solares. Isso ocorre pois o mix protege a fibra capilar do dano oxidativo causado pela exposição solar. Este mesmo blend é capaz de manter a coloração por mais tempo, protegendo-a das lavagens do dia-a-dia.

Você sabia que a proteína hidrolisada de arroz podia trazer tantos benefícios? Conte pra gente nos comentários!

Sabe de onde vieram estas informações?

Draelos, Z. D. (2004). Hair Care: An Illustrated Dermatologic Handbook. CRC Press.

Harvey, A., & Carr, C. M. (2004). Time-of-flight secondary ion mass spectrometry analysis of the application of a cationic conditioner to “clean” hair. International Journal of Cosmetic Science, 26(5), 271–271. https://doi.org/10.1111/j.1467-2494.2004.00233_3.x

Inamasu, S., Ikuyama, R., Fujisaki, Y., & Sugimoto, K.-I. (2010). Abstracts: The effect of rinse water obtained from the washing of rice (YU-SU-RU) as a hair treatment. International Journal of Cosmetic Science, 32(5), 392–393. https://doi.org/10.1111/j.1468-2494.2010.00605_3.x

Gamez-Garcia, M., & North, C. •. (1993). Effects of some oils, emulsions, and other aqueous systems on the mechanical properties of hair at small deformations. In j. Soc. Cosmet. Chem (Vol. 44).

Schueller, R. & Romanowski, P. (2009). Conditioning Agents for Hair and Skin. CRC Press.

Schulman, M. (2014). Proteína do arroz associada ao ácido fítico: evita a perda de cor dos cabelos tingidos | in-cosmetics News.

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