História do No e Low Poo

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História do No e Low Poo

Faz tempo que não falamos especificamente das técnicas Low Poo e No Poo, não é verdade?

Pensamos, hoje, em retomar esse assunto, para falar em detalhes a respeito destes métodos de cuidado capilar que ajudam tantas cacheadas, crespas o onduladas, aqui no Brasil.

Apesar das técnicas Low Poo e No Poo não terem uma figura centralizadora, ditando as regrinhas, essa construção coletiva se manteve, nos últimos anos, bastante coesa.

Influenciadoras, produtoras de conteúdo, profissionais de beleza e marcas identificadas com o movimento Low Poo e No Poo conseguem manter, até hoje, um movimento coerente e com regras razoavelmente claras.

Hoje, portanto, vamos olhar para o ponto de partida do que conhecemos como Low Poo, No Poo e Co Wash, quais os conjuntos de regrinhas que caractertizam cada uma destas técnicas e o que nos espera no futuro.

A inspiração: Curly Girl Method

A cabeleireira inglesa Lorraine Massey é, provavelmente, uma das maiores influências lá nos primórdios do Low Poo e No Poo.

Sua obra mais famosa, o Manual da Garota Cacheada é escrito em torno da experiência pessoal da autora com seus cabelos e as dicas colhidas a partir das experiências que a autora se submeteu durante anos.

No manual, Lorraine descreve um ciclo vicioso que consistem em

  1. lavagem com detergentes pesados, como sulfatos, que ressecam os fios;
  2. condiconamento, tratamento e estilização com produtos que contém petrolatos, que repelem umidade e se acumulam nos fios;
  3. a repetição do ciclo de lavagem e ressecamento

É assim que a cabeleireira decide encontrar formas de tirar os shampoos tradicionais da jogada.

A autora sugere o uso de opções mais suaves de limpeza como shampoos sem sulfatos, a higienização com condicionadores ricos em ingredientes botânicos e receitas caseiras de limpeza.

Lorraine ainda contra-indica o uso de petrolatos e de silicones.

O Método da Garota Cacheada consiste em muito mais do que esse recorte e quem tiver interesse, pode buscar o livro que tem tradução para o português.

Mas, como nosso foco no post de hoje é o Low Poo e o No Poo, destacar esse pequeno recorte do método desenvolvido por Massey é suficiente.

As Técnicas e os Liberados no Brasil

A maior influência de Massey, nas técnicas Low Poo e No Poo, é que estas formas de cuidado se estruturam em torno de “proibições”.

O grande “vilão” é o shampoo, mais especificamente o shampoo com detergentes sulfatados (ou com outros detergentes tão agressivos quanto os sulfatos).

Foi a partir da proibição do uso de shampoos agressivos que surgem, no Brasil dois desdobramentos.

  1. No primeiro, os shampoos agressivos são substituídos por shampoos sem sulfato, mais suaves para o cabelo – o Low Poo
  2. No segundo, chamado No Poo, os shampoos são completamente abolidos e, em seu lugar, os fios são higienizados com certos cremes e condicionadores específicos

A verdade é que No Poo e Low Poo ganharam regras tão específicas, a partir de coletivos em fóruns e grupos na internet, que se tornaram técnicas originais, muito distantes do que Lorraine criou como o Método da Garota Cacheada.

O que é Low Poo, no Brasil, hoje

Vamos olhar para o que se entende por Low Poo, hoje em dia?

Low Poo é um conjunto de regras usado para cuidar dos cabelos.

Nesta técnica os shampoos agressivos que usamos normalmente são substituídos por shampoos com substâncias de limpeza mais suaves.

Quem faz Low Poo não deixa de usar shampoo, o que muida é o tipo de shampoo liberado nessa rotina.

No Low Poo, usam-se shampoos sem sulfatos e sem outros detergente agressivos.

Os shampoos liberados limpam as sujidades do dia-a-dia e ressecam menos os fios.

É preciso, entretanto, atentar para a composição dos demais produtos da rotina. Eles não podem ter “petrolatos” (oclusivos derivados de petróleo) pois eles não são devidamente higienizados pelos detergentes suaves dos shampoos liberados.

O que é No Poo, no Brasil, hoje

Na técnica No Poo, a lavagem com shampoo é substituída por opções mais suaves de higienização.

Os cremes de limpeza, também chamados de co wash, como o No Spume, são a alternativa mais conhecida.

Essa limpeza suave faz com que os demais produtos da rotina sejam adaptados.

Na técnica No Poo, o uso de silicones insolúveis em água é proibido.

Uma característica bastante brasileira é a exceção para o uso de silicones solúveis em água, liberados em produtos de condicionamento, tratamento e finalização (mas não em higienizadores).

Os petrolatos, assim como no Low Poo, são proibidos para a rotina de quem faz No Poo, pois o co wash não parece limpar de forma eficiente os resíduos deixados por estes oclusivos derivados de petróleo.

O futuro das técnicas liberadas

Assim como tudo no mercado de beleza, técnicas estruturadas de cuidados capilares sofrem mudanças ao longo do tempo.

O Low Poo e No Poo sempre estiveram associados ao movimento dos cabelos naturais e essa pode ser uma das mudanças no futuro.

Com a popularização dos termos e, em especial, com a indústria de cosméticos capilares interessada em desenvolver produtos “liberados”, Low Poo e No Poo começam a invadir outros nichos.

O uso de substâncias suaves de limpeza é uma tendência tão generalizada que, em alguns países como o Japão, muitas pessoas fazem Low Poo sem saber que essa técnica existe, já que os produtos disponíveis no mercado japonês são (muitas vezes) liberados sem essa consciência.

Outra mudança possível é uma flexibilização. Depois de um período em que as técnicas se estruturaram como métodos com regras bem fechadas, algumas pessoas começam a adequá-las a própria realidade, dando a sua própria cara à sua rotina de cuidados.

Por último, mas não menos importante, uma tendência bastante consolidada é a da hibridização das técnicas: pessoas que fazem Low Poo durante um período de tempo, migram para o No Poo, voltam para o Low Poo quando há necessidade e, assim, sentem-se com mais possibilidades de escolha.

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